Friday, June 1, 2007

LISTERIA

"NO ANO DE 2004, NA U.E A LISTERIOSE PROVOCOU 107 VÍTIMAS MORTAIS, NUM TOTAL DE 1.267 EM HUMANOS REGISTADOS NO ESPAÇO COMUNITÁRIO."
Fonte: Agência Lusa

A Listeriose, a doença causada pela bactéria Listeria, caracteriza-se por sintomas semelhantes à gripe como arrepios, febre e dores de cabeça, por vezes acompanhados por náuseas e vómitos, daí que muitas vezes sejam desconsiderados. Estes sintomas iniciais podem surgir 2 a 30 dias após a exposição com o agente infeccioso e podem ser seguidos por uma infecção do sangue (bacteremia), meningite (uma inflamação das membranas que cobrem a espinal medula e o cérebro) ou encefalite (uma inflamação das membranas do próprio cérebro).
“Entre as doenças zoonóticas, a listeriose, que pode afectar gravemente os embriões durante a gravidez, foi aquela que provocou mais vítimas mortais (107), num total de 1.267 casos em humanos registados no espaço comunitário.”
Fonte: Agência Lusa
Em Portugal, a bactéria apareceu em 1998, em alguns queijos frescos, mas na altura, devido à sua rápida detecção, a doença não chegou aos humanos. Dois anos depois, em França, a Listeriose apareceu de novo, onde causou a morte de sete pessoas. Já no ano de 2004, em Portugal foram registados 38 casos de listeriose, “o que representa uma média de 0,4 casos por cada 100.000 habitantes, ligeiramente acima da média da EU (0,3)” – Agência Lusa
A Listeria, é uma bactéria que geralmente é destruída pelo sistema imunitário das pessoas. Porém, existem grupos mais sensíveis aos seus efeitos, dos quais se destacam:

  • Gestantes;
  • Fetos e recém-nascidos
  • Idosos
  • Pessoas com cancro, diabetes, doenças no fígado ou nos rins;
  • Pessoas infectadas com o HIV;
  • Pessoas sob tratamento com esteróides ou sob quimioterapia;


No caso de uma grávida que contraia a doença, a contaminação pode ser fatal para o bebé. Uma mulher grávida que contraia esta doença, afectará o feto quase que automaticamente. O problema reside portanto, na ausência de sintomas na mãe, visto que esta bactéria pode causar uma doença parecida com a gripe, achando a mãe que não é nada demais. E isto pode ser mortal para o bebé! A infecção ocorre geralmente no 3.º trimestre de gestação. Estas infecções resultam frequentemente em aborto ou parto prematuro. Caso sobreviva, o recém-nascido pode nascer com uma infecção (sépsis) cujos sintomas podem começar algumas horas, dias ou várias semanas depois do nascimento.

Existem várias espécies de Listeria, como a L. innocua, L. welshimeri, L. seeligeri, L. ivanovii e L. grayi. L. monocytogenes, sendo esta ultima considerada a única espécie patogénica deste género, e aquela que sobre a qual me concentrarei neste artigo.




"Entre as doenças zoonóticas, a listeriose, que pode afectar gravemente os embriões durante a gravidez, foi aquela que provocou mais vítimas mortais (107), num total de 1.267 casos em humanos registados no espaço comunitário.”
Fonte: Agência Lusa
  • Onde se encontra: meio ambiente, no solo, na água, nas fezes dos animais e nos produtos vegetais .
  • Modo de transmissão: através das vias respiratórias ou ingestão de alimentos contaminados (nomeadamente lacticínios e vegetais), por infecção cruzada no ambiente hospitalar e pelo contacto com animais portadores. Além disso, recém-nascidos podem nascer com Listeriose quando as mães ingerem alimentos contaminados.
  • Alimentos onde mais frequentemente se encontra Listeria: alimentos crus, como carnes e vegetais não cozidos e/ou em salada; queijo, produtos de peixe defumado; manteiga; camarão; carne de caranguejo, ou de frango, patés, leite não pasteurizado e alimentos confeccionados com leite não pasteurizado.
  • Sintomas: nos adultos é a meningite a forma mais frequente de Listeriose. A meningite é uma infecção das membranas (chamadas de meninges, daí a designação da doença), que cobrem o cérebro e a espinal medula. Em 20% dos casos ocorre a formação de abcessos cerebrais. Alguns dos sintomas da meningite são a febre e a rigidez da nuca; caso o doente não obtenha tratamento pode entrar em coma e talvez morrer. Além da meningite, a Listeriose pode infectar os olhos, tornando-os vermelhos e dolorosos. A infecção pode afectar também os gânglios linfáticos, o sangue, e por vezes pode causar insuficiência cardíaca quando afecta as válvulas cardíacas. OS SINTOMAS APARECEM CERCA DE 2-6 SEMANAS APÓS A INFECÇÃO.
  • Diagnóstico: colheita de uma amostra de tecido ou de líquido corporal para análise no laboratório, onde se irá proceder à sua cultura. Também, através de uma amostra de sangue, podem-se titular os anticorpos formados contra a bactéria.
  • Tratamento: tratamento através de antibióticos, tanto numa pessoa em estado normal como durante uma gravidez. Bebés com a doença tomam os mesmos antibióticos que os adultos. Geralmente utiliza-se a ampicilina em associação com a gentamicina ou o sulfametoxazol-trimetoprim.
    Quando as válvulas cardiacas forem afectadas poderá também administrar-se tobramicina.
    As infecções oculares podem ser tratadas com eritromicina oral.
  • Prevenção: (1) – lavar muito bem verduras e legumes; (2) – não misturar carnes cruas com hortaliças, com alimentos cozidos ou já prontos para consumo; (3) – cozinhar bem todas as carnes cruas; (4) - lavar as mãos, tábuas, facas e demais utensílios após o manuseio de alimentos crus; (5) – evitar alimentos preparados com leite não-pasteurizado; (6) – alimentos congelados e prontos para consumo devem ser descongelados no frigorífico ou no microondas, nunca na banca ou na pia. (7) – Quando se comem sobras de outras refeições, devem aquecer-se muito bem até à fervura fumegar. (8) – Pessoas com maior risco de contrair Listeriose além de todas estas indicações, devem evitar comer queijos macios.
    A Listeria é facilmente eliminada através da pasteurização ou de aquecimentos a 70.º C.
    Em resumo, o cumprimento das boas práticas de higiene e fabrico é essencial para o controlo da contaminação no ambiente de processamento, em particular da contaminação cruzada entre matérias-primas/superfícies/equipamentos e alimentos prontos a consumir.

Fontes: Surveillance for Foodborne-Disease Outbreaks – United States, 1998-2002. Department of Health and Human Services, Centers for Disease Control and Prevention. Morbidity and Mortality Weekly Report, November 10, 2006/Vol.55/Nº SS-10.
Lacasse, Denise – Introdução à Microbiologia Alimentar; Instituto Piaget, 1998, ISNB: 972-771-102-2
MSD, Manual Merck de saúde para a família: Infecções por bacilos -Listeriose. [citado em 11 de Maio de 2007]; Disponível em: http://www.manualmerck.net/?url=/artigos/listeria
ASAE, Autoridade de Segurança Alimentar e Económica: Segurança Alimentar – Listeria monocytogenes. Disponível em:
http://www.asae.pt/

Apoio e supervisão: Ernesto Castanheira – Técnico de Saúde Alimentar e Nutrição do Hospital de Tondela

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